domingo, 13 de maio de 2012

Mãe e Filha

"A experiência é um ótimo professor, não perca suas aulas."
Começar a dar aula na Educação de Jovens e Adultos (EJA) foi o grande desafio deste ano. Estar prestes a concluir a licenciatura em Ciências Biológicas não me garantia, até então, qualquer segurança para a docência. De uma maneira ou de outra, a graduação e as aulas da FAE (Faculdade de Educação) contribuíram para confirmar que a experiência docente só se constrói na prática constante, na discussão com uma boa equipe de trabalho e na nossa própria capacidade auto-avaliativa (será que funciona?).

Comecei a me envolver com o Projeto de Ensino Fundamental - 2º segmento no segundo semestre do ano passado. Ele acontece no Centro Pedagógico da UFMG (CP). Já me encantei com o projeto no período de estágio curricular (obrigatório). Fiquei sabendo da seleção de novos professores-aprendizes, fiz a prova, fiquei nervosa com a entrevista e passei!. 

Era a hora de me virar para ensinar alguma coisa sobre a origem do universo, para uma turma que eu mal conhecia. Tenho precisado de muita leitura e muita criatividade para preparar cada nova aula, cada novo tema. Por sorte, tenho tido a orientação de pessoas fantásticas durante o processo, porque, infelizmente, não é todo professor que tem a chance de iniciar a docência em um colégio de aplicação, como o CP.

O título deste texto, contudo, envolve um assunto bem especial: a Educação de Jovens e Adultos. Sabemos que este trabalho sofre preconceito em nossa sociedade e que tem muita gente dizendo por aí que "velho não aprende" ou que "o investimento deveria ser direcionado somente às crianças". Quanta bobagem Batman! O professor e grande responsável pelo início do projeto na UFMG, Leôncio Soares, diz mesmo que estes são sujeitos invisíveis do nosso dia a dia. Talvez, também, porque apenas os atores do projeto sejam capazes de perceber diretamente as mudanças e os resultados da aprendizagem dos meus meninos. Meus meninos sim, pois me sinto participante da formação deles, me preocupo com as faltas e as dificuldades de cada um, fico contente com o desenvolvimento da turma. Percebo que ser professora é ser um pouco mãe de cada um deles. 

O que diferencia, porém, o trabalho com crianças daquele com jovens e adultos é o momento em que passo a ser filha, aquela hora em que aprendo com as experiências de vida deles, em que eles apontam a minha juventude, mas se dispõem a contribuir para a minha formação. Isso também acontece com crianças, apesar de ser um pouco mais sutil.

Tenho sido muito feliz neste processo, mesmo quando a aula não dá certo ou quando a interação não acontece como eu planejava. É muito bonito o respeito que eles depositam na gente e o nosso, meu, da equipe de professores e da própria coordenação, para com todos e cada um deles. Enquanto muita gente sofre e reclama da educação no país/Estado, tenho vivido um sonho de experiência docente. Assim, ganho motivação para seguir este trajeto e a esperança de que alguma coisa, nesse mundão nosso, pode ser diferente!

Um comentário:

  1. Oi, Pri!
    Que bonito o trabalho que está realizado. Bonito e muito importante. Parabéns e que seus "filhos" possam manter viva e renovada em você essa esperança de que o mundo pode ser diferente. Porque pode, sim! Também acredito.
    Um abração!!!

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