Poderíamos passar horas a fio discutindo, refletindo, questionando a violência contra as crianças, a desnutrição infantil, a desigualdade social... E ficaríamos outras tantas horas divagando sobre a realidade das escolas brasileiras, as condições de trabalho para alunos e professores da rede pública, a educação que vem de casa, a nova geração que estamos formando... e por aí vai. Mas só por hoje, ou só por esse mês que se foi, deveríamos nos permitir ser criança outra vez.
É bom poder pensar que os problemas são todos de matemática, acordar cedo só pra ver desenho ou jogar bola na rua. Brincar de pega-pega, pique-esconde, amarelinha... Roubar brigadeiro em festa, furar com o dedo o bolo de aniversário, esperar pela surpresinha... Acreditar em Papai Noel, coelhinho da Páscoa, duendes, bruxas, bicho-papão... Ter uma melhor amiga, o gatinho da turma, a vó, o vô, a professora, o moço da bala na porta da escola... O sorriso "com janelinha", a gargalhada gostosa... Cheiro de Johnson's, maquiagem rosa choque, cabelo de Xuxa, tênis do Senninha...
Escolhi o livro desse mês pensando exatamente nas crianças, em todos os dias só delas e em todos os dias em que podemos ser como elas. Nada menos que Guimarães Rosa, com o seu Manuelzão e Miguilim, um volume composto por duas novelas: "Campo Geral" e "Uma Estória de Amor". "Campo Geral" é o relato lírico da infância do menino Miguilim, narrado em terceira pessoa, sob a perspectiva de Miguilim, menino inteligente e sensível que mora com a família na mata do Mutum (MG). A narrativa é organizada segundo a vivência e as experiências desse jovenzinho que está constantemente observando as pessoas e as coisas situadas em seu universo sertanejo. O leitor vai desvendando a cada passo o mundo afetivo de Miguilim, transbordado de alegrias e de tristezas, misturando-se nele as reflexões e os deslumbramentos. Guimarães Rosa capta o universo infantil, culminando com o deslumbramento dessa criança ao ver o mundo, quando um doutor lhe descobre a miopia. A segunda novela presente no volume é "Uma Estória de Amor", narrativa que revela o outro lado da vida, a velhice, retratada pela vertente de um vaqueiro que nunca havia se fixado, nem alcançara a estabilidade doméstica, senão no final da vida, já velho. Aos sessenta anos recompõe a família, construindo uma casa e, como promessa à mãe, uma pequena capela na fazenda da qual era administrador. As duas novelas completam-se, mostram a infância e a velhice, cujos protagonistas fazem da descoberta e da recordação os pontos altos da matéria literária.
Assim, a função dos envolvidos que quiserem ganhar o livro de Guimarães Rosa, no sorteio, será relembrar alguma fala de seus pais que ficou marcada no desenvolvimento de vocês. Meu pai, por exemplo, sempre dizia que eu deveria comer beterraba para ficar com as bochechas rosinhas. Comi beterraba demais sem gostar, viu?! Outra que me dá gastura até hoje era dizer que se eu não escovasse os dentes, a barata viria a noite pegar os restinhos de comida na minha boca. No caso de vocês, valem até os clássicos, como "quem mexe com fogo faz xixi na cama, menino" ou "não vai pra rua, que homem do saco te leva". Vale até inventar um para a atualidade.
Vamos brincar de concorrer a um lindo livro, sem deixar de ser criança!
Deixo aqui um vídeo para as crianças que já cresceram...
Vocês têm até o dia 30 para se envolverem! Boa sorte a todos! Um beijo!
Essa não é dos meus pais, é de um tio... ele me dizia que se eu deixasse a Barbie e o Ken dormirem juntos no guarda-roupas, ele bateria nela. Quantas noites eu não fiquei fingindo que dormia, esperando um grito de ajuda da Barbie? Fora as vezes em que dava um jeitinho de guardá-los de modo que ele não conseguisse alcançá-la. Às vezes me pergunto se as crianças ainda são inocentes assim...
ResponderExcluirComer bolo massa de bolo crua dá apendicite...
ResponderExcluirPáia... só pra acabar com alegria de gordice infantil...
Se não tomar banho vai descer urubú na cama kkkk
ResponderExcluirEntão, como eu havia dito, rs... Vou tentar me lembrar pra dizer de novo. Primeiro eu falei sobre você ter lido Adriana Falcão. Fiquei tão feliz... Você gostou? Depois falei sobre lembranças da infância, de quando me diziam pra eu não engolir semente de laranja para não nascer um árvore na minha barriga. Isso me dava um medo, menina... Acho que foi isso. Vamos ver se agora vai. Um beijo!
ResponderExcluirA clássica: "se vc tomar banho quente e sair no frio, vai ficar todo torto pra sempre!" Se eu pudesse eu sairia do banheiro sempre enrolado num cobertor... rs
ResponderExcluirQuando eu era pitica, mamãe falava que eu não podia dormir com o pé pra fora da coberta porque senão eu iria ficar gripada.
ResponderExcluirVovó falava que, se tomássemos manga com leite e ovo, tudo batido junto, a gente morreria de derrame.
ResponderExcluirMinha mãe dizia, que se eu dormisse com os pés sujos(rsrs), caso eu morresse dormindo eu não ia para o Ceu. (Minha mãe era sinistra..)
ResponderExcluirMinha mãe sempre dizia que o "Homem do saco ia me pegar" se eu fizesse bagunça! hehehe
ResponderExcluirLá em casa rolavam muitas ameaças sem pé nem cabeça, mas a que eu mais me lembro (ou a primeira que me lembrei, rs) é que minha mãe dizia que se a gente não lavasse bem a orelha ela ficaria tão suja, tão suja, que nasceria um pé de couve lá, hahahahaha.
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