segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filha de peixinho...


“A Maria Rita até que canta bem, mas jamais vai chegar aos pés da sua mãe”
. Quantas vezes não ouvi comentários comparativos entre Maria Rita e Elis Regina, sempre inferiorizando a peixinha em relação à peixe grande? Será que não há uma ingenuidade cruel na visão de quem assim se deixa seduzir pelo saudosismo?
Que Elis Regina foi uma intérprete excepcional é inegável, assim como quase chega a ser pleonasmo dizer que ela foi única. E o único não se compara; não se substitui. Maria Rita nunca se entregou a missão impossível de se equiparar à mãe e pelo contrário, lutou com todas as forças para vencer o preconceito daqueles que a julgavam cegamente, sem perceber o grande talento qual perdiam a oportunidade de prestigiar enquanto repetiam: “Mas a Elis...”
Embora tenha tentado desvincular sua imagem da progenitora, é impossível ouvi-la sem se lembrar da mãe. A biologia não permite! O timbre herdado, belíssimo, pode ser trabalhado como for; em samba, rock, jazz...mas sempre remete á Elis. Quer saber? Acho isso ótimo! Assim posso escutar ao vivo a voz que eu jamais escutaria não fora a herança de Rita. Gosto mais ainda de vê-la nos palcos, esbanjando um charme encantador, interpretando de maneira muito criativa todas as músicas muito bem selecionadas que caem em suas mãos, ou melhor, na sua garganta abençoada pela descendência invejável.
Então, antes de compará-la ao incomparável, é preciso descobrir se não é por mera (e maldosa) saudade desmerecemos um talento poderoso como o dela. Aliás, procure fazer uma experiência: compare todas as cantoras que você gosta muito à Elis e veja quem sobrevive. Pois, é...não disse?
Que essa herança não se perca pelas próximas gerações cantantes! Vida longa ao gen “Elis”!

Beijos estalados e até a próxima!

4 comentários:

  1. Maria Rita (carinhosamente, Maria irRita) e Elis Regina não são minha praia, mas reconheço o talento. Engraçado que nunca vi Maria Rita como filha da Elis...
    Comparações são cruéis, desmerecem e abafam talentos.

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  2. Uai, não sabia da presença ilustre de uma colunista musical nesse blog... Estou afastado mesmo da net... hehehe...

    Gostei e concordo com o que vc disse. Ela sempre buscou ser diferente da mãe e não ser sua continuação.

    E gosto das duas, cada uma de um jeito...

    Abraços!!

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  3. Airí,

    Também concordo que comparações são cruéis! Acredito sempre na exclusividade de cada talento e repudio o uso indiscriminado de julgamentos de valores como "bom", "ruim" e os comparativos "melhor" e "pior". Aliás, tema para uma próxima coluna!

    Raphael,
    Muito obrigada pelo "ilustre"!haha. Na se afaste, envolva-se! =)
    Também admiro as duas, e, como você disse, cada uma do seu jeito, com seu charme.

    Abraços!!

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  4. OBS: Me refiro a tais julgamento de valores quando relacionados a manifestações artísticas. ;)

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