terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desapega, menina!

Um dos grandes problemas de ler obrigatoriamente 30 páginas todos os dias é a transição de um livro para outro. Mal dá tempo de me desapegar de uma história, de personagens queridos, da linguagem daquele autor, da capa, do cheiro, do tamanho do livro, do marcador de páginas... Enquanto eu ainda curto a saudade, já tenho que começar a me interessar por outras figuras, outras linhas, outros pensamentos. Logo, a mudança pro livro novo compõe um momento delicado, às vezes doloroso, sabe?!

Diante disso, gostaria de propor uma brincadeira neste post, parecida com uma que vi no Facebook há poucos dias. As tarefas de vocês serão as seguintes:

1- Respondam, por favor: Vocês já passaram por isso alguma vez?
2a- (Opção para principiante) Abram o livro mais próximo de vocês em uma página aleatória e copiem aqui um trecho interessante; OU
2b- (Opção para os bons de busca) Transcrevam um trechinho de algum livro que vocês tenham gostado muito (vai lá no livro reencontrar!); OU
2c- (Opção para os bons de memória) Reescrevam ditos/frases/episódios que guardaram na memória porque gostaram tanto que acham importantíssimo passar adiante.

Assim a gente registra. Assim a gente não esquece. Assim a gente se despede. Vamos?!

4 comentários:

  1. como geralmente leio vários livros ao mesmo tempo, não tenho este problema.

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  2. Gostei e acho adequado: "Vive melhor quem lê a respeito das questões que lhe afligem, e não se trata aqui de livros de autoajuda, e sim romances de ficção, ensaios filosóficos, biografias. (...) Para se formar um ser humano, não adianta apenas ensinar física, biologia, história, matemática e demais matérias convencionais. Precisamos também ser especialistas em viajar, em se relacionar melhor, em consumir cultura, em ter uma visão menos ortodoxa de tudo que nos cerca. O material é farto e os resultados podem ser aplicados no dia a dia. Bem viver também faz parte da educação." Por Martha Medeiros, em Feliz por nada

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  3. Lí nesses dias é livro de contos recomendado por minha irmã chamado Antes do Baile Verde de Lygia Fagundes Telles simplesmente me apaixonei e no momento que me identifiquei muito com um conto denominado Os objetos, escrito em 1969.

    A autora conta uma história e um casal, que tiveram um passado feliz mas que, no “presente” (no momento da ação), enfrenta o fim do amor de sua esposa.

    (...) E apertou os olhos molhados de lágrimas, de costas para ela e inclinado para o abajur. – Veja, Lorena, veja... Os objetos só têm sentido quando têm sentido, fora disso... Eles precisam ser olhados, manuseados. Como nós. Se ninguém me ama, viro uma coisa ainda mais triste do que essas, porque ando, falo, indo e vindo como uma sombra, vazio, vazio. É o peso de papel sem papel, o cinzeiro sem cinza, o anjo sem anjo, fico aquela adaga ali fora do peito. Para que serve uma adaga fora do peito? (...) (Telles, 1982, p. 4)

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  4. Eu sempre me apego a livros... Leio devorando e, chegando ao final, faço operação tartaruga, pra não acabar.
    Gostei de taaaaantos livros que fica difícil achar algo pra colocar.
    Agora, por indicação da Pri, tô lendo "Manual da Paixão Solitária".
    Mas escolhi postar um trecho do livro "Macário", de Álvares de Azevedo. Adoro essa morbidez e o clima sombrio do ultra-romantismo... haha

    "O DESCONHECIDO
    Na verdade és belo. Que idade tens?

    MACÁRIO
    Vinte anos. Mas meu peito tem batido nesses vinte anos tantas vezes como o de um outro homem em quarenta.

    O DESCONHECIDO
    E amaste muito?

    MACÁRIO
    Sim e não. Sempre e nunca.

    O DESCONHECIDO
    Fala claro.

    MACÁRIO
    Mais claro que o dia. Se chamas o amor a troca de duas temperaturas, o aperto de dois sexos, a convulsão de dois peitos que arquejam, o beijo de duas bocas que tremem, de duas vidas que se fundem ...tenho amado muito e sempre!... Se chamas o amor o sentimento casto e puro que faz cismar o pensativo, que faz chorar o amante na relva onde passou a beleza, que adivinha o perfume dela na brisa, que pergunta às aves, à manhã, à noite, às harmonias da música, que melodia é mais doce que sua voz; e ao seu coração, que formosura mais divina que a dela...eu nunca amei. Ainda não achei uma mulher assim. Entre um charuto e uma chávena de café lembro-me às vezes de alguma forma divina, morena, branca, loura, de cabelos castanhos ou negros. Tenho-as visto que fazem empalidecer-me, meu peito parece sufocar, meus lábios se gelam, minha mão se esfria...Parece-me então que, se aquela mulher que me faz estremecer assim, soltasse sua roupa de veludo e me deixasse por os lábios sobre seu seio um momento, eu morreria num desmaio de prazer! Mas depois desta vem outra, mais outra e o amor se desfaz numa saudade que se desfaz no esquecimento. Como eu te disse, nunca amei."


    Sugiro, também, "Noite na taverna". Aqui tem o livro em pdf: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/noitenataverna.pdf

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