quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Se eu gosto a música é boa.

Ruim é máquina de fotografar que estraga em dois cliques. Ruim é o salário dos professores municipais. Ruim é o vilão. Ruim é o diabo. Mas e a música? Existe música “ruim”?
Muito comumente ouço pessoas que julgam ter um gosto eclético dizerem que gostam de tudo, menos de funk, Axé e pagode. Dizem: “gosto de música boa”.Ou acham que a música que é boa porque gostam? O que veio primeiro, o ovo ou a galinha?
O juízo de valor criado ao entorno dessa arte tende a se confundir com o gosto musical de quem julga. As duas coisas se fundem. Dizemos que é “ruim” aquilo que não nos agrada aos ouvidos ao invés de nos expressarmos dizendo “não gosto”.
Alguns defenderiam a música boa como aquela que é complexa, bem trabalhada. Todos nós reconhecemos o valor daquilo que levou tempo e dedicação para ser produzido. Mas porque o simples estaria fadado à má qualidade? Admiramos uma música difícil de ser executada, uma nota aguda arrancado do fundo do peito, um guitarrista que faz seus dedos sumirem na velocidade do solo porque sabemos do esforço e talento presentes. Muitas vezes este pode se tornar um parâmetro para julgarmos a superioridade de uma produção musical e fazer com que tratemos com desprezo as que não apresentarem tais elementos. Isso não é ser limitado demais? A riqueza pode estar em outros cantos pouco explorados, em detalhes discretos. Para enxergá-los e ouvi-los, não bastam ouvidos abertos; é preciso ter MENTE aberta.
Os estilos musicais devem ser encarados como expressões culturais diversificadas. Nada surge do nada para nada. Cada estilo é fruto de um contexto, de uma necessidade comunicacional. Não pretendo cair no relativismo extremista, pois repudio qualquer extremismo cego, assim como refuto atitudes preconceituosas. Posso rodar um CD que me causa espasmos de alegria sabendo que existe outro alguém que taparia os ouvidos e me indicaria um outro som sendo que eu preferiria me tornar surdo antes de que o som ligasse. Enquanto um samba aqui, outro valseia de lá. Eu ouço rock, ele curte rap. Minha mãe gosta de bolero, meus avós de sertanejo. Isso é diversidade. E diversidade é sempre bom, claro, quando acompanhada de tolerância e respeito.
Não quer gerar polêmicas? Troque o “ruim” pelo “não me agrada”. Pois juízo de valor se discute. Já gosto musical...

Um comentário:

  1. Nossa, concordo com tudo isso!!! Fora que as pessoas não percebem que, quando chamamos um certo tipo de música de "lixo", estamos dizendo que parte da cultura de alguém é lixo. O que é uma postura muito fascista, dizer que "eu e meu gosto somos superiores e o resto é lixo". Afinal, lixo bom é lixo que desaparece sem deixar rastros, não é??

    Deu medo do "Hitler" que tem escondido dentro de quem diz frases assim??? Quando eu me toquei disso e senti. Muito medo mesmo...

    Abraços!!

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