quinta-feira, 21 de junho de 2012

De pai pra filha


Fui visitar o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com meus alunos. Gostei de muita coisa e tentei fotografar tudo o que pude. Contudo, por mais que eu tente contar aqui tudo que vi, nada substitui a experiência em si. Por isso, deixo a dica (e o convite!) pra quem ainda não conhece.

Uma instalação me encantou, em especial: a Praça da Língua - uma espécie de "planetário da Língua", composto por imagens projetadas e áudio. Uma antologia da literatura criada em Língua Portuguesa, com curadoria de José Miguel Wisnik e Arthut Nestrovski.


Um dos trechos que ouvi e vi veio direto das Memórias de Emília, de Monteiro Lobato. Preciso ler algum livro dele e pretendo pegar, em breve, "O Quixote das crianças" lá na Biblioteca Pública. A ideia central é tanto da boneca quanto do meu pai. Apesar de repetitivas, as brincadeiras do meu pai podem ser bem filosóficas.


O Eterno Pisca-pisca


... a vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a
piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - 
viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda.
Até que dorme e não acorda mais.

A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.

Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.

pisca e mama;

pisca e anda;

pisca e brinca;

pisca e estuda;

pisca e ama;

pisca e cria filhos;

pisca e geme os reumatismos;

por fim, pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre - perguntou o Visconde.

- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?

Um comentário:

  1. É lindo mesmo; mais que lindo, é fascinante. Vale muito a pena. E quando lembro de coisas assim, minha vontade de ir de mala e cuia pra SP reacende... rs.

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