terça-feira, 24 de maio de 2011

Caixinha de fósforo

Quantas histórias cabem em uma caixinha de fósforos?


A brincadeira é a seguinte: você pega um fósforo, acende e diz o que você quiser - se apresenta, conta uma história, não diz absolutamente nada, canta uma música... sei lá... somente enquanto a chama estiver acesa. Apagou, acabou!

A partir disso, estou lançando, aqui no blog, a série Alumia! Como já está claro pra quem me acompanha, eu não sigo tratamentos tradicionais. Vou em busca de mim e da minha cura por outros meios. Para tanto, me proponho a carregar a minha caixinha com toda a minha pólvora e todas as minhas histórias. Se alguém quiser, eu passo o fósforo também. Porque a chama alumia a mente. O fogo é muito breve pra não vir cheio de poesia. Se você der mole a chama acaba e uma grande história se perdeu em fumaça. Não dá nem tempo de telefonar pra criatividade. E se, por outro lado, a gente resolve lamentar a vida, a chama dura uma eternidade... até queimar os nossos dedos.

A primeira história chega em homenagem ao tapa na cara bem merecido que levei na dança hoje:

Meu nome é Priscilla, com dois L's, Pacheco. Eu não sei voar nem recitar. Eu pio baixinho e esqueço da poesia própria das coisas e das pessoas. Eu não sou decidida. Nunca fui violentada. Eu não sou homosexual. Eu não passo meu telefone pra qualquer um. Ultimamente, eu não tenho passado meu telefone pra ninguém. Mas se a Kátia Flávia me pedisse, eu daria. A Kátia não tem problemas de auto-afirmação ou crises existenciais. Eu tenho. Tem gente que é um pouco assim como ela, orgulhosa do que faz e do que é. Eu não. Mas, não! Isso aqui não é psicologia. Não! É poesia! Pára de surtar e inventa!

7 comentários:

  1. o problema que fosforo fede hehehehe

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  2. Foi um dos posts que mais amei! Adorei mesmo! Muito bom!

    Cada um faz do que pode a própria sessão de terapia: dança, canto, estudo, trabalho, buteco, sorvete, chocolate, pizza, telefone, vídeo engraçado...

    Eu já senti meu dedo queimando, já vi a chama se apagar com o vento sem eu ter conseguido ao menos começar a falar, já vi fósforo que não se acendia, já gastei uma caixa inteira de fósforos pra conseguir dizer tudo (e sem ter clareza, mesmo alumiada). Porque às vezes falta fogo. Porque às vezes o fósforo está queimado ou molhado. Porque às vezes o palito é curto (ou o pavio). Porque às vezes a sombra é maior.
    Ultimamente, virei sócia da Fiat Lux e resolvi falar até queimar os dedos, gastando todos os palitos (daquele enormes). Mesmo assim, tem gente que não se deixa alumiar.

    "Meu nome é Kátia Flávia
    A godiva do Irajá

    Eu tô usando
    Um Exocet
    Calcinha!"

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  3. Ninguém!

    Há de se ter coragem! Coragem!

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  4. Posso sugerir também um momento curto, como o período utilizado para realizarmos o corte das unhas das mãos ou dos pés ou ambas. Podemos inventar e criar personagens, fantasias e histórias de um tema pouco recitado.
    Neste momento posso imaginar como os movimentos de nossas articulações são sincronizados. Perfeição que garante todo o funcionamento do conjunto. Isto é se relacionar! Mágica que não depende de nossa consciência. O trato do conjunto humano realmente é mágico.
    Podemos agachar, abrir os dedos, verificar a senilidade da pele, pensar na maneira de como vivem os bilhões ou trilhões de bactérias que habitam estas regiões e a imensa diversidade delas.
    Como nossa consciência é desprezível perto do todo.
    E viva o momento, seja lá aonde estivermos.

    Sennem Antunes
    ps.: Talvez eu seja a Kátia Flávia (versão masculina)

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  5. Se for assim

    Se doer eu choro
    se precisar, imploro
    se me importar, eu prezo
    se é impossível, eu rezo
    se não existir, eu sonho
    se quer cantar, componho
    se eu gostar, eu chamo
    se me encantar, eu amo
    se for difícil, eu luto
    se quer falar, escuto
    se é pra sorrir, eu gosto
    se for carinho, encosto
    se for possível, insisto
    se for preciso, existo

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  6. TELA
    Letra: Claudio Dias

    A tela fala
    Você lê
    A mente abre
    Você vê
    Que já entrou e embarcou nessa viagem

    Ao mastigar essa idéia
    Tá escrito, tá na vida
    Que inventar uma saída
    É a melhor forma de chegar

    A gente inventa
    senta
    e tenta
    Não explicar

    O barato desse troço
    É que quanto mais eu posso
    Mais o meu é nosso
    Mais o seu é vosso
    É o fim do particular

    Eu uso (o) olho pra comer
    Eu uso (a) boca pra correr (o mundo)
    A mão pra me comprometer
    Eu tenho pés pra procurar

    Eu uso dentes pra ganhar
    E os ouvidos pra pensar
    Meus ombros são para aguentar
    Quando o joelho reclamar
    Usando os braços pra fazer
    O coração querer bater

    Assim vou sendo
    Sonhando e lendo
    Inventando um jeito de ser
    Renovando o apetite
    Meio gula de Afrodite
    Meio verso no grafite

    Nas paredes do mundo
    Voando rasante ou indo fundo
    Sem me prender ou soltar

    Quero a Tela Bela
    Como página
    Linda como teclas
    útil como a palavra

    Quero a letra que lavra
    O(s) tema(s) de caminhos
    Desde pergaminhos
    A computadores

    Quero chips pra comer
    E processar no meu ser
    A vã memória de ter
    A ilusão do saber

    A ilusão do saber
    A tradução do prazer.

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